Essa pergunta para os românticos é fácil de responder. Porém, quando falamos sobre morrer de amor olhando a Cruz de Cristo, não há nenhuma paixão ‘cor de rosa’ mas uma vida inteiramente entregue, e a morte mais fecunda que a história já assistiu.

Normalmente, quando se fala em morte, há dor, desespero, tristeza etc. No entanto, a morte de Cristo para o cristão é sinônimo de liberdade, vida, alegria, felicidade, isto porque Nele começamos uma nova história, livre de qualquer prisão ou condenação.

Logo, é possível falar sobre morrer de amor por quem se entregou por nós sem nos pedir nada em troca, nem mesmo perguntou se algum de nós queria isso ou apresentou condição. Claro que há os que ainda não reconhecem o extremo amor de Deus por nós.

E neste mês de outubro, entre tantos santos da santa mãe Igreja, Teresinha é a santa que nos fala sobre ser, viver e morrer de amor com a própria vida. Ela descobriu o Amor e O amou também, deixando um caminho aberto para todos que desejam fazer o mesmo.

Morrer de amor, mas como Teresinha!

Vamos recordar a trajetória de Teresa de Lisieux ou Teresinha do Menino Jesus, como chamamos no Brasil. Ela viveu apenas 24 anos, mas há muito o que se contar sobre ela e toda sua família de santos, começando por seus pais.

Teresa vem de uma grande família – nove filhos – cristã e temente a Deus. Mas perdeu sua mãe aos quatro anos de idade, sofreu de uma doença misteriosa ainda nova, foi curada pelo sorriso de Nossa Senhora e, após a eucaristia, colocou Jesus no centro de sua vida.

Em 1887, Teresa, o pai e a irmã Celina visitam Roma. Sua esperança é alcançar do Papa a autorização para entrar no Carmelo aos 15 anos, graça que alcança um ano depois, a fim de realizar o desejo de se tornar carmelita “para salvar as almas e rezar pelos sacerdotes”.

Ao mesmo tempo, começa a dolorosa doença mental do seu pai, causa de grande sofrimento, que a leva à contemplação da Face de Jesus na sua Paixão, por isso o seu nome religioso: Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face.

Todos esses fatos explicam o programa de toda a sua vida, em comunhão com os mistérios centrais da encarnação e da redenção de Cristo, em que o morrer de amor se torna, então, um selo na alma de todo aquele que se faz a experiência do amor de Deus.

Morrer de amor – o legado de Teresa!

Morrer de amor é o caminho que Teresa deixou para toda a Igreja. São João Paulo II a definiu como “perita da scientia amoris”, amor que ela explica bem em seu livro História de uma alma e a conduz em toda a sua jornada nas pequenas coisas, ou seja, a pequena via.

Eis o segredo de Teresinha (como de todo o cristão): o Amor, que tem rosto, nome, sabor, presença e por quem ela é capaz de morrer de amor através dos pequenos sacrifícios do cotidiano, nas pequenas coisas e na doação de si mesmo a cada instante.

Esse morrer de amor tem sua fonte na Eucaristia – sacramento de amor divino. Em uma de suas cartas, ela diz: “Não posso temer um Deus que para mim se fez tão pequenino! (…) Eu amo-o! De fato, Ele mais não é do que amor e misericórdia!”.

De fato, amor e misericórdia são fontes da confiança plena que a santa tinha em Deus, em sua Mãe e na Igreja. Assim, ela deixa o legado para a humanidade através da infância espiritual, o total abandono nas mãos de Deus: “Amar é dar tudo, e dar-se a si mesmo”.

Uma vida simples e escondida

O Papa Bento XVI pronunciou-se a 6 de abril de 2011:

“Gostaria de vos falar hoje de Santa Teresa de Lisieux. Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo só 24 anos, no final do século XIX, levando uma vida muito simples e no escondimento, mas que, depois da morte e da publicação dos seus escritos, se tornou uma das santas mais conhecidas e amadas.”

A herança deixada por Teresinha foi reconhecida bem cedo:

  • Santa Teresa do Menino Jesus foi beatificada em abril de 1923;
  • Sua canonização foi feita pelo Papa Pio Xl, em 1925, no dia 17 de maio;
  • Em 1927 foi declarada Patrona Universal das Missões Católicas;
  • Foi nomeada Padroeira Secundária da França, junto com Santa Joana D’arc;
  • Em 1997, no centenário de sua morte, o Papa João Paulo II, na Carta Apostólica, Divinus Amoris Scientia, a declara Doutora da Igreja por causa da sua mensagem da Infância Espiritual e da Contemplação da Face de Cristo.
  • Seus pais, Luis Martin e Zélia Guerin, foram beatificados pela Igreja, no ano de 2008; em 18 de outubro de 2015, foi o primeiro casal a ser canonizado em uma mesma cerimônia na história da Igreja.

Santa Teresinha faleceu na noite de 30 de setembro de 1897, pronunciando as simples palavras “Meu Deus, amo-te!” e olhando para o crucifixo que estreitava nas suas mãos. Viver e morrer de amor em seus escritos têm fundamento e explicação evangélica.

Agora, perguntamos para você: é possível morrer de amor?

A resposta é muito pessoal apesar do testemunho ser público. Vamos explicar melhor: morrer de amor é uma resposta pessoal de quem se descobre amado por Deus. O que aconteceu com Teresinha, continua acontecendo com cada um de nós.

Mas como? Deus é o mesmo; Ele nos ama loucamente, não mede esforços para nos resgatar e não muda de comportamento diante de sua decisão em nos amar, ou seja, Ele sempre nos ama, de modo que até ficamos constrangidos.

Talvez você já tenha se sentido tão pecador a ponto de não se achar merecedor do amor de Deus, mas de repente é surpreendido por uma graça, um sinal, uma palavra, uma pessoa em seu caminho, enviada por Deus – isso só faz quem ama! Assim é o nosso Deus.

Por fim, quando nos apaixonamos pelo Senhor, somos capazes de morrer de amor e, a partir de então, escrevemos uma nova história e deixamos o nosso legado de santidade para os homens e mulheres do nosso tempo. O segredo de Teresa passa a ser o nosso também!

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