Carisma

Irmãs Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo

“O carisma das Irmãs Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo é viver segundo o Espírito em oração e ação apostólica, isto é, contemplar para evangelizar à luz do Espírito Santo, e, movidas pelos seus dons espirituais, frutificar em boas obras e sair a serviço dos irmãos onde e quando for necessário.” (Regra de Vida)

O carisma de um instituto religioso é o dom do Espírito Santo que inspira a sua fundação e orienta a sua missão na Igreja. É como o código genético que define a identidade e a espiritualidade de cada instituto. Sendo identidade não haverá na Igreja nenhum carisma que seja idêntico ao outro, cada carisma é único, é o querer de Deus para aquela parcela do seu povo, e consequentemente um dom a ser ofertado a toda Igreja e humanidade.

Nosso carisma nasceu à luz da Palavra de Deus, em Lucas 4,18ss:

“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu, e enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.”

“Contemplar para evangelizar à luz do Espírito Santo”

Como contemplação, compreendemos o movimento interior para o encontro com Deus que se dá através da oração, do silêncio e solidão próprios do Carmelo; da meditação da Palavra de Deus; dos acontecimentos do dia a dia; da natureza, que foi criada por Deus repleta de beleza e formosura; da busca pela presença constante desse Deus que nos ama e que habita em nosso interior.

De acordo com Frei Maria Eugênio, em sua obra Quero ver a Deus, há três formas de contemplação natural:

  • 1

    Contemplação estética: acontece quando nos deparamos com uma grande beleza da natureza e ficamos extasiados. Acontece uma comunicação entre a alma e a beleza vista. Os olhos ficam imobilizados, a alma é envolvida por emoção, por profundo amor, indo ao encontro da realidade viva que está por traz de toda aquela beleza: Deus é o Belo por excelência. Aqui aconteceu uma contemplação não na imagem vista, mas na mensagem profunda que ela trouxe à alma, levando-a ao encontro de Deus que a ama e tudo criou por ela.

  • 2

    Contemplação intelectual ou filosófica: é a experiência do filósofo ou sábio que busca a verdade e num momento a encontra, brilhando diante de seus olhos, iluminando sua inteligência, atraindo-o e cativando-o, fazendo com que pare e se fixe na descoberta, amando-a por todos os esforços que representa. Aqui ama-se e fixa-se na luz da verdade, mesmo que não se saiba ainda que provenha de Deus, basta ser verdade, pois se for algo contrário a Deus seria mentira.

  • 3

    Contemplação teológica: é a atitude do teólogo ou da alma que busca atentamente a Deus, porque O ama, estudando os dogmas e as verdades da nossa fé, bem como da Sagrada Escritura. Num determinado momento é tomado de admiração ante a luz que jorra delas, as belezas que revela e seu olhar se detém, tranquilo, cheio de amor. A contemplação acontece aqui através da inteligência que é iluminada, conduzida ao repouso, fixando-se na verdade que admira e por fim ama.

A experiência da contemplação teológica encaminha-nos para a contemplação sobrenatural ou infusa, que é a graça de Deus atuando em nós, não mais pela luz da inteligência, mas unicamente pelo amor, tendo como objeto de encontro não mais as verdades de Deus, mas o próprio Deus. Aqui agem os dons de santificação, sobretudo o dom da sabedoria, esse saborear da presença amorosa de Deus. Somos chamadas à contemplação, portanto devemos nos esforçar para viver a dimensão natural, que é a que depende de nós. Para favorecer a contemplação buscamos:

  • Maior recolhimento dos sentidos e do espírito, para vivermos a interioridade, permanecendo na presença de Deus que nos ama;

  • Vivenciar diariamente o Santo Sacrifício da Missa, unindo-nos ao Senhor que por amor se entrega a nós;

  • Rezar a liturgia das horas, que santifica as horas do dia;

  • Fazer oração mental e meditação da Palavra de Deus em silêncio;

  • Fazer Adoração Eucarística todos os dias durante o dia e algumas vezes durante a noite;

  • Rezar o santo Terço, meditando a vida de Jesus, seja individual ou comunitariamente;

  • Fazer momentos de oração comunitária, seja Adoração conduzida, louvor carismático, Lectio Divina partilhada, entre outros;

  • Fazer leitura espiritual, isto é, a leitura de um livro que alimente nossa alma no amor por Deus e nos ajude a rezar;

  • Buscar o sacramento da confissão regularmente, bem como a direção espiritual;

  • Nos esforçar para viver o silêncio ao longo do dia, evitando conversas desnecessárias, buscando permanecer na presença de Deus que está dentro de nós, em nosso castelo interior e dialogar com Ele;

  • Fazer o jejum e abstinência de carne nas sextas-feiras como pede a Santa Igreja;

  • Fazer abstinência de carne nas quartas e sábados, em honra a Nossa Senhora do Carmo que pediu essa oferta pelo uso do escapulário, tendo em mente a importância de mortificar nossa carne, nossas vontades, para fortalecer nossa alma na busca por Deus.

A Adoração Eucarística ocupa um lugar privilegiado em nossa vida, pois foi um pedido especial de Jesus para nós de que o Adorássemos pelos sacerdotes que não acreditam mais no Sacramento do Amor; pelos religiosos que não dobram mais seus joelhos diante do Sacramento do Amor; e por todos aqueles que não acreditam mais no Sacramento do Amor. Após esse pedido de Jesus à nossa Madre Fundadora, iniciamos a Adoração Perpétua em nosso Instituto e a cultivamos com muito amor, pois Jesus Eucarístico é nosso maior tesouro!

A finalidade da contemplação é a evangelização, é derramar esse amor recebido na presença de Deus sobre as almas que encontrarmos, para que elas também façam uma profunda experiência de amor e transformação.

Evangelizamos de diversas formas, como detalhamos na parte da missão, sempre movidas pelo Espírito Santo, no uso dos seus dons e carismas, pois nada podemos fazer por nós mesmas, em tudo dependemos da graça de Deus.

“No seguimento de Cristo e no amor pela sua pessoa é necessário o crescimento da santidade na vida consagrada. Por isso exige-se a fidelidade ao carisma de fundação e ao patrimônio espiritual do Instituto. Nesta perspectiva o carisma do Instituto impelirá a pessoa consagrada a ser toda de Deus, a falar de Deus e com Deus, para saborear como o Senhor é bom, em todas as situações. (Cf. Vita Cons. 36).” (Regra de Vida)